A REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO NOS ROMANCES TERRA SONÂMBULA E UM RIO CHAMADO TEMPO, UMA CASA CHAMADA TERRA, DE MIA COUTO

Nathália Nobre

Resumo


O presente trabalho investiga a representação dos espaços nas obras Terra Sonâmbula (1992) e Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra (2002), do autor moçambicano Mia Couto. A nossa leitura busca compreender como é construído o espaço geográfico e social dos romances, levando em consideração os elementos históricos e culturais trazidos para a ficção. Em Terra Sonâmbula há um espaço marcado pela devastação da guerra civil que ocorreu após a independência. A terra, nesse romance, exerce uma função fundamental no decorrer da narrativa, pois, por autotransformar-se constantemente, interfere de forma direta no cotidiano das personagens. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra narra a estória dos Marianos e da sua terra de origem, a Ilha Luar-do-Chão. A obra retrata o momento de consolidação da sociedade moçambicana, o novo sistema político e econômico e as mudanças sócio espaciais que esse sistema acabou por estabelecer. O narrador-personagem, Marianinho, retorna à sua terra natal, após anos vivendo na cidade, para o enterro do seu avô, Dito Mariano. Em ambas as obras, há a busca, por parte das personagens, de um local de harmonia, onde não haja fronteiras, esses espaços são simbolizados pelo Oceano Índico, em Terra Sonâmbula, e pela casa, Nyumba-Kaya, em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. Para este estudo, apoiamo-nos em estudiosos como Maria Nazareth Fonseca, Maria Zilda Cury, Ana Mafalda Leite, Laura Padilha, Nazir Can e Sueli Saraiva. Para discutirmos os conceitos de fronteira e globalização, nos baseamos nos trabalhos de Edward Said e Stuart Hall. Sobre as questões históricas e culturais presentes nas narrativas, recorremos à obra Moçambique: ensaios, de Peter Fry.


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