NARRATIVAS ANGOLANAS: BUSCANDO CONEXÕES ENTRE JOÃO VÊNCIO: OS SEUS AMORES, DE LUANDINO VIEIRA E QUANTAS MADRUGADAS TEM A NOITE, DE ONDJAKI

Resumo

Na abordagem pretendida serão priorizados aspectos referentes a espaço literário, estratégias e foco narrativos. Além disso, se buscará estabelecer uma relação entre texto e contexto, considerando as circunstâncias históricas, políticas e culturais na produção de cada obra. Luandino escreve sua narrativa em 1968, período em que Angola estava em guerra contra Portugal pela sua independência. Na ocasião, o autor estava preso no campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, acusado de conspirar contra o regime salazarista português. Sua narrativa traz um forte engajamento contra o colonialismo e por uma resistência cultural autóctone, cuja potencialidade surge entre os moradores dos musseques e periferias da cidade. Após sua independência, em 1975, sob o comando do MPLA, Angola entra em guerra civil que duraria até 2002, com a morte de Savimbi, líder da UNITA, principal força de oposição ao Estado. Ondjaki, publica seu romance em 2004, quando já havia experiência de quase trinta anos do MPLA à frente do Estado angolano. Em seu romance a capital angolana aparece com muitos problemas estruturais, ocasionados por um Estado ineficiente e burocrático, de um lado, e a exploração desenfreada do solo angolano pelos países imperialistas, de outro.  Comparando essas duas narrativas será possível entrever um percurso em transição entre projetos e balanços políticos e culturais em Angola abrangendo o intervalo em que as narrativas foram escritas.